A oração indígena do silêncio:
Sente-se à beira do amanhecer, o sol nascerá para você. Sente-se à beira da noite, as estrelas brilham para você. Sente-se à beira do rio, o rouxinol canta para você.
Sente-se à beira do silêncio, Deus vai falar com você."
( Avagana Daçui-rá )
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
Retrospectiva 2013
- "Vejo meu bem com seus olhos
E é com meus olhos
Que o meu bem me vê..."
- Não haverá docência se o "ensinador" não puder se reconhecer enquanto o educador que é, tão pouco se o livro didático não tornar-se a vida e o conhecimento cotidianamente ativos, modificados... É preciso que o professor tenha o que anunciar, neste mundo de denuncias, e pronunciar seus anúncios no próprio ato de mutuamente denunciar! É preciso humildade, fé, confiança e sobretudo amor...
- O tempo é justo. Ao relógio, deixa sim migalhas de si para quem se prende em contá-lo. E passou 1 ano.
Mas me diz então, com quantas eternidades o tempo nos presenteou por deixarmos que ele nos levasse, e nos trouxesse aqui...
- Shoppings, São Luís está ficando cheia deles, e cheia no sentido de que já deu né gente?! Como se não bastassem as construções de novos shoppings, os tantos que já existem ficam disputando grandiosidade com reformas e ampliações, pra melhor disputarem os nossos bolsos depois.
E nossas praças, nossos centros culturais, nossos teatros populares, nossas bibliotecas? Qualquer coisa que estimule um pouco mais a minha mente, e um pouco além da minha carteira...
E nossas praças, nossos centros culturais, nossos teatros populares, nossas bibliotecas? Qualquer coisa que estimule um pouco mais a minha mente, e um pouco além da minha carteira...
- Depois da quinta, a Sexta estação...
- As pessoas necessitam seguir uma moda, para se sentirem aceitáveis, e até fazer parte dela, pois basta que uma criança se torne magra, alta, com postura ereta e nariz afilado, que logo a mamãe se orgulhará da filha possivelmente modelo... Há a manutenção de um vislumbre, e um fetiche sobre tipos de coisas, e tipos de pessoas, que tomam nossa personalidade, subjetividade e nos massificam. (...)
Nota: Algumas poucas notas minhas espalhadas por aí (reticências)
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
dó
O calo que dói, engole-se
Mesmo que o estômago não seja absorvedor
Das dores da insônia
E mesmo a febre
Crônica
Cronológica
Absorver-se-á
Enquanto o falho da memória existir
Enquanto a fraca flor vivenciar
Da chuva gelada que molha os telhados
A dor passa-do.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
do nascimento do amor
Há controvérsias no amor
Pensas que ele sai de si
Pensas que se transformou
Pensas que se criou ele
Menino, depois homem, depois mar.
Decerto ninguém sabe
Como aventuram-se os corações.
Há controvérsias perdidas
Nalguns corações por aí
Pensam que se constrói
Pensam que juntam-se eles em um
Pensam que somente consigo
Mal saberia o amor fluir.
Mas se cabe aos homens
Se cabe ao próprio
O nascimento do amor
Na verdade só sabe
E saberia quem o sentir.
Para ser longe
Para ser perto
Ser vários de vários
Ou um só.
Na independência de sua fuga
Queima o amor
De vida tão própria
Que não saberia nem mesmo
Que não saberia nem mesmo
A ele mesmo compreender-se
E foge também das mãos, dos pés
Das bocas de seus atores.
Forja caminhos seus
Forja caminhos meus
Perdendo-nos
Num ponto onde esquecem
De sua própria criação.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
andança
Ir ao fundo
do mar
Pescar-me no escuro
Tive que
aprender a nadar
E sobrevivi
Mergulhei
Mergulhei
Cheguei ao Ar
Voei pra te
enxergar
E lá de cima
Vivi em pouso
E pousar
Me pareceu sempre
melhor
Que caminhar
por mim
E por mim
Ficarei eu
livre
Imediata
Forte
Andante
A te chegar agora do ponto aonde enxergamos.
sábado, 19 de outubro de 2013
depois de alguns anos
Acordar todo dia por
volta das 10h da manhã quase não foi vida, durante alguns anos nesse espaço
temporal. E foi assim, até que me veio, junto com um monte de horas a mais, a
mudança de hábito...
Comecei a acordar por volta das 8h da manhã, e
por mais cansativo que o dia pudesse correr, só voltava para casa depois das 22h
e antes do último ônibus que me pegava, porque nesse intervalo entre acordar e
dormir começava a caber coisas infinitas que nem imaginava poder fazer. E àquelas
horas de sobra para pensar somente em mim, foram reduzidas também, como os
momentos de pseudomeditação que me deixavam só. Foram incluídos ainda mais
filmes, ainda mais livros, mais histórias. E algumas horas de conversas, e atenção para doar.
De certo que o dia
tornou-se todo correria, mais corria pra mim mais felicidade, onde se juntavam
um tanto de preocupação, de compreensão, admiração, de amor. Foi quando passei
a notar. Notava que o sol diferente não passaria mais um dia sem ser notado com
alguém, mais ainda do que antes, notava sua luz. E saber o que é sentir saudade
de verdade, o que é dormir de verdade, o que seria poder contar...
Coleção de novas
figurinhas de tempo que me cabiam, me trouxeram agora ao que eu finalmente
chamaria viver. E o que chamaria viver não poderia estar residindo em alguém,
mas no que tornamo-nos em si. Que eu poderia até vir a perder, mas não voltaria
a nenhum outro álbum que não esse, por não precisar mais marcar-me em outro lugar
nenhum.
E a gente sabe tanto
rir um do outro, que não quero me ver dando espaço para restar-me a chorar.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Às pessoas que caminham para o fim do mundo
e só conseguem chegar ao fim de si mesmo. Enquanto o mundo pulsa.
Sejamos a próxima gestação.
Sejamos a próxima gestação.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
para nunca esquecer II
Sobretudo das pessoas, e o
que fazem o que falam e cometem a nós com suas farpas, eu guardo mágoas, sim. Porque
pouca memória é coisa pra peixe. Eu queria nem rir. Perco-me desta e daquela, onde
já não há mais - nem vai haver- o que vislumbrar...
Caminho sem volta, sei lá.
Não escrevo como quem infla o peito, e não teria do que orgulhar-me sendo assim.
Orgulho às vezes é burrice, outras autopreservação do meu próprio tempo.
para nunca esquecer
Mas o que seria de nós se fossem os outros? (risos)
...É que não precisamos dos outros em nós.
...É que não precisamos dos outros em nós.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
o velho e o novo
Ahh, o desenho das nuvens no céu, naquela hora exata em que o céu ensaia ser mar. É que antes de qualquer escura profundeza ele passa todas as cores, as cores, de todos os cheiros, os cheiros a flutuar-nos a nos ser nuvens também.
Era o céu que a menina flutuava a todo dia, com a nostalgia da hora em que o sol quer ser partida, a hora em que a visita a seu avô estava chegando ao fim. E eram muitas despedidas para aquele ainda pequeno coração, que só entendia que tudo era vida, que todos os dias para completa-la visitava seu avô, aquele velho senhor em que já se via desgastar, e dependente das doses diárias da neta só a via nas bagunças do seu quarto, ocupando sua rede, roubando-lhe as moedas e rindo de fotografias antigas quase irreconhecíveis do avô.
O que ela não sabia, é que despedida maior chegaria, e seus dias contariam dias com ele, que também organizava a sua hora de partir.
Eis uma das maiores ironias da vida. O seu próprio ciclo natural. E de um lado, o velho tempo cercado de juízo, bença, "não beba", "não fume", ame-se e siga seu caminho, caminha lado a lado com o novo que as coisas e as gentes teriam a apresentar para aquela menina a todo momento. E ela, era só uma criança desses novos mundos que surgiam, apegada sempre no envelhecer do tempo de seu avô. Gostavam dos mesmos filmes, das mesmas músicas, e da mesma sobremesa.
Então, como ficariam aqueles dois corações, um de chegada, outro já de partida... Foi como ficou o céu no momento da grande separação. Ela, que ficara, insistia às nuvens para sair dalí, não conseguiu, não conseguiria olha-las com tanto esplendor, e por muito tempo perdeu o gosto de tantas brincadeiras, antecipando por dias e dias o final do sol. E foi assim, que a menina conhecera o fim, o primeiro de sua vida ainda. Entre o velho e o novo de tanto ser.
Era o céu que a menina flutuava a todo dia, com a nostalgia da hora em que o sol quer ser partida, a hora em que a visita a seu avô estava chegando ao fim. E eram muitas despedidas para aquele ainda pequeno coração, que só entendia que tudo era vida, que todos os dias para completa-la visitava seu avô, aquele velho senhor em que já se via desgastar, e dependente das doses diárias da neta só a via nas bagunças do seu quarto, ocupando sua rede, roubando-lhe as moedas e rindo de fotografias antigas quase irreconhecíveis do avô.
O que ela não sabia, é que despedida maior chegaria, e seus dias contariam dias com ele, que também organizava a sua hora de partir.
Eis uma das maiores ironias da vida. O seu próprio ciclo natural. E de um lado, o velho tempo cercado de juízo, bença, "não beba", "não fume", ame-se e siga seu caminho, caminha lado a lado com o novo que as coisas e as gentes teriam a apresentar para aquela menina a todo momento. E ela, era só uma criança desses novos mundos que surgiam, apegada sempre no envelhecer do tempo de seu avô. Gostavam dos mesmos filmes, das mesmas músicas, e da mesma sobremesa.
Então, como ficariam aqueles dois corações, um de chegada, outro já de partida... Foi como ficou o céu no momento da grande separação. Ela, que ficara, insistia às nuvens para sair dalí, não conseguiu, não conseguiria olha-las com tanto esplendor, e por muito tempo perdeu o gosto de tantas brincadeiras, antecipando por dias e dias o final do sol. E foi assim, que a menina conhecera o fim, o primeiro de sua vida ainda. Entre o velho e o novo de tanto ser.
sábado, 17 de agosto de 2013
o passarinho
Não tem nada, sei que
lugar de passarinho é no ar. Mas para pra pousar, o ar fresco da minha janela
pode ser um bom lugar pra repousar teu canto, e meu acalanto é te ver cantar
assim, não precisa de tanta coisa a mais.
E se quiser, olha o por
do sol de amanhã, e me leve pra voar até lá também, pois eu sei bem do abrigo
que tuas asas de vento são, e dos outros mundos que tens pra mostrar, passarinho, você pode ser por sua inteligencia, pela poesia que trazes a minha cabeceira, por seu cantarolá, mas nada que te complete alcança o que simplesmente és, na essência do ar que atropelas, e do que cada movimento teu significa ao repousar em mim.
E na antecedência do tempo que nos envolve, e até saindo da noite fria em que todos dormem, atravessando o dia para vê-lo morrer mais uma vez, esteja aqui mais uma vez, e só voe se for pra voltar antes do amanhecer, só amanheça se for pra me acordar com tua voz.
E na antecedência do tempo que nos envolve, e até saindo da noite fria em que todos dormem, atravessando o dia para vê-lo morrer mais uma vez, esteja aqui mais uma vez, e só voe se for pra voltar antes do amanhecer, só amanheça se for pra me acordar com tua voz.
terça-feira, 9 de julho de 2013
o sorriso de alguém
O sorriso pode valer por alguém inteiro.
E pode ser de tantas formas também, que chega a perca de seu sentido, como o sorriso que disfarça qualquer frustração, como ironia a falta de respostas, como cumprimento bobo a decadente convivência...
Se sorri para tudo, mas é somente quando o gesto chega além do próprio gesto, que tona-se possível compreender o significado maior que pode haver num sorriso, quando elevados pela alma, bocas se perdem em brilho, o brilho do rosto de alguém que sorri, que faz de si verdadeiro o sorriso que dá, quando vale por alguém inteiro, quando excede o tempo tornando-se horas de um segundo, quando surge de uma necessidade incomum de somente existir, transpassa o rosto, os olhos, a boca. É algo além, é quando alguém chega além.
E pode ser de tantas formas também, que chega a perca de seu sentido, como o sorriso que disfarça qualquer frustração, como ironia a falta de respostas, como cumprimento bobo a decadente convivência...
Se sorri para tudo, mas é somente quando o gesto chega além do próprio gesto, que tona-se possível compreender o significado maior que pode haver num sorriso, quando elevados pela alma, bocas se perdem em brilho, o brilho do rosto de alguém que sorri, que faz de si verdadeiro o sorriso que dá, quando vale por alguém inteiro, quando excede o tempo tornando-se horas de um segundo, quando surge de uma necessidade incomum de somente existir, transpassa o rosto, os olhos, a boca. É algo além, é quando alguém chega além.
domingo, 30 de junho de 2013
à ti
Eu queria ler nos teus olhos o que eu queria que tu me dissesse. Mas não sei, e nem sei se tu queres o que eu sinto que tenho para te dar. Faz pressentir que sonho com o impossível, nesse meu irreal, e me traz um tanto de medo em qualquer um dos mundos em que eu esteja. Eu te queria aqui em qualquer lugar, num infinito onde a explicação da felicidade fosse ela em si.
Eu teria uma árvore imensa num quintal perto de um córrego, eu só veria relógios na hora de acordar, eu acordaria cedo para banhar de pijama na chuva, e a cama mais quente e acolhedora seria a minha, e cada abraço seria uma cama, e cada abraço e cama seriam à ti.
Eu teria uma árvore imensa num quintal perto de um córrego, eu só veria relógios na hora de acordar, eu acordaria cedo para banhar de pijama na chuva, e a cama mais quente e acolhedora seria a minha, e cada abraço seria uma cama, e cada abraço e cama seriam à ti.
domingo, 16 de junho de 2013
sábado, 8 de junho de 2013
Tal qual Paulo Freire, também me atrevo a achar que a coisa mais bonita num homem é a sua capacidade de unir a palavra e o gesto. Digo atrevimento, mesmo, pois, usa-se a palavra para tudo, para disfarçar, para convencer, para tentar ser ou demonstrar... Mas esquecem que o lugar da palavra está na ação, e que a coerência entre ambas reside inicialmente na coragem de enfrentar o que se é; e ser, vai além do discurso. O próprio discurso vai além do discurso, por mais bonito que pareça.
domingo, 2 de junho de 2013
O Beijo
O beijo que eu sempre quis provar
Agora meu, eu sei
É melhor do que eu imaginara
É impossível de se acostumar
É falta que faz machucar
O teu beijo é mais de um;
É de menina, de mulher, de amiga
Transcende o paraíso
Vai muito além da terra toda
E mesmo sem perceber
Vai muito além de ti mesma
Vai muito além de mim, de nós, de tudo
O teu beijo
Se confunde dentro de mim
E por frações de eternidade
Esquecemos que somos dois
O beijo que eu sempre quis provar
Agora meu, eu sei
É melhor do que eu imaginara
É impossível de se acostumar
É falta que faz machucar
O teu beijo é mais de um;
É de menina, de mulher, de amiga
Transcende o paraíso
Vai muito além da terra toda
E mesmo sem perceber
Vai muito além de ti mesma
Vai muito além de mim, de nós, de tudo
O teu beijo
Se confunde dentro de mim
E por frações de eternidade
Esquecemos que somos dois
Matheus de Sousa
quarta-feira, 29 de maio de 2013
muitas doenças que as pessoas têm são
poemas presos
abscessos, tumores, nódulos, pedras são
palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmo cravos pretos espinhas cabelo
encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido
poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra
presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema
poemas presos
abscessos, tumores, nódulos, pedras são
palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmo cravos pretos espinhas cabelo
encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido
poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra
presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema
Viviane Mosé
terça-feira, 14 de maio de 2013
Na verdade, amar a trama mais que o resultado, foi o que eu
fiz a minha vida inteira, também. E cansei um tanto de tudo isso, de compensar
o nada, e de me acalentar quando ninguém fizesse isso por mim. Eu quero mesmo é
o infinito, o pra sempre, até o fim, da mesma forma que imaginava aquela menina
de 12 anos de idade que eu fui, e que me odiaria caso me conhecesse dez anos
depois. A impressão que tenho é que retornei a ela, e como presente eu disse:
eu ainda sou quem você é.
sábado, 4 de maio de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
na varanda
Tenho
a certeza que aqui é o meu lugar. É que quando passei a mão pelos teus cabelos
no final daquela noite, eu não tinha a intenção de bagunçar a casa, só não
queria sair dela também, só queria que um pouco da ventania doce, do cheirinho
de chuva, da paz de um por do sol que lá encontrava (como em nenhum outro
lugar) pudesse ser um pouco meu, continuar sendo um pouco meu. E o meu medo de
perder foi grande, porque foi no momento em que eu mais quis ganhar, é nessas
horas que colocar-se no lugar da espera torna-se um tanto doloroso também.
Mas
um dia, não sei quantas eternidades depois, pisei devagarzinho nos
degraus de tua subida, pra tomar um vinho na porta de entrada, conversar como nos
velhos tempos quase/ sempre/ nunca perdidos, alí, onde batia o mesmo vento e o mesmo cheirinho de chuva, numa visita talvez até inesperada, tentei te dizer que o que eu queria era ficar, tentei mostrar como os teus braços servem nos meus ombros, a minha altura na tua, a minha dança na musica dos teus dedos, tentei ficar.
E perdi a noção do tempo, esqueci o caminho de volta dos caminhos que já havia percorrido, ainda bem que esqueci.
Eu não tinha a intenção de bagunçar a casa, apesar do espaço que precisei ocupar, apesar das limitações que passamos a lidar, e penso que talvez tenha ficado tudo uma loucura, mas ficamos bem assim, não? É que mais algumas eternidades depois, eu só vim constatar as minhas primeiras linhas de final feliz... A noite veio sendo o descanso do sol, e eu fiquei, a ponte vem sendo a distancia de quem estar só, agora, a sós.
E perdi a noção do tempo, esqueci o caminho de volta dos caminhos que já havia percorrido, ainda bem que esqueci.
Eu não tinha a intenção de bagunçar a casa, apesar do espaço que precisei ocupar, apesar das limitações que passamos a lidar, e penso que talvez tenha ficado tudo uma loucura, mas ficamos bem assim, não? É que mais algumas eternidades depois, eu só vim constatar as minhas primeiras linhas de final feliz... A noite veio sendo o descanso do sol, e eu fiquei, a ponte vem sendo a distancia de quem estar só, agora, a sós.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é "meu bem, meu mal"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us plau"
No mais, as "ramblas" do planeta
"Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite com na minha cara
Chuva do mesmo sobre os caretas...
Caetano Veloso
terça-feira, 9 de abril de 2013
Já viveu hoje?
Alguns recados deveriam ser pendurados na porta das maternidades, e até mesmo nos leitos onde os partos ocorrem, como:
Amamentação recomendável até o primeiro ano de vida do bebê.
O melhor sol para se tomar é o das sete às oito horas da manhã, além de ser o melhor horário para se acordar e aproveitar o dia.
Aproveitem seus dias porque ainda não descobrimos se cada sol significa um dia a mais, ou a menos.
Torne-se um ganho para o mundo.
Mas eu também diria, ganha-se vida não apenas no primeiro grito de sufoco ao sair do lugarzinho estável e quente de nossas mães. Ganhe-se vida no sangrar de cada arranhão, naquele momento que você já pensou que não deveria ter existido, naquela pessoa que em algum momento você já quis nunca ter cruzado, nas vezes em que chegou atrasado no trabalho dormindo mais cinco minutinhos só pelo fato de ter tido uma boa noite do tipo que você não queria que acabasse, nas noites que você viveu e que você não queria que tivesse acabado, e em todas as vezes que parou para ver o pôr-do-sol, e o sol morrer no mar; se nunca tiver visto isso, aí sim você esteve perdendo vida por aí. Mas ganha-se vida, e ganhar é lucro, mesmo quando o ganho seja subtração, da perda de um ou uns corações por aí; nas vezes em que roubaram o seu, e até mesmo se ainda não tiverem devolvido.
Ganha-se vida nas escolhas, mesmo que cada escolha seja paralelamente a perda de outra, e lucra-se com os arrependimentos também, e mais ainda com os não-arrependimentos, e com os limões que já suportamos, e as limonadas que já fizemos, porque lucramos imensamente e talvez mais do que muitas coisas, com a ressaca, com os amigos. De modo que seja impossível excluir lágrimas e risos de nossas próprias vidas, vamos somarmo-nos ao mundo de modo a ser-vivo.
Amamentação recomendável até o primeiro ano de vida do bebê.
O melhor sol para se tomar é o das sete às oito horas da manhã, além de ser o melhor horário para se acordar e aproveitar o dia.
Aproveitem seus dias porque ainda não descobrimos se cada sol significa um dia a mais, ou a menos.
Torne-se um ganho para o mundo.
Mas eu também diria, ganha-se vida não apenas no primeiro grito de sufoco ao sair do lugarzinho estável e quente de nossas mães. Ganhe-se vida no sangrar de cada arranhão, naquele momento que você já pensou que não deveria ter existido, naquela pessoa que em algum momento você já quis nunca ter cruzado, nas vezes em que chegou atrasado no trabalho dormindo mais cinco minutinhos só pelo fato de ter tido uma boa noite do tipo que você não queria que acabasse, nas noites que você viveu e que você não queria que tivesse acabado, e em todas as vezes que parou para ver o pôr-do-sol, e o sol morrer no mar; se nunca tiver visto isso, aí sim você esteve perdendo vida por aí. Mas ganha-se vida, e ganhar é lucro, mesmo quando o ganho seja subtração, da perda de um ou uns corações por aí; nas vezes em que roubaram o seu, e até mesmo se ainda não tiverem devolvido.
Ganha-se vida nas escolhas, mesmo que cada escolha seja paralelamente a perda de outra, e lucra-se com os arrependimentos também, e mais ainda com os não-arrependimentos, e com os limões que já suportamos, e as limonadas que já fizemos, porque lucramos imensamente e talvez mais do que muitas coisas, com a ressaca, com os amigos. De modo que seja impossível excluir lágrimas e risos de nossas próprias vidas, vamos somarmo-nos ao mundo de modo a ser-vivo.
quarta-feira, 27 de março de 2013
eu
Eu me mordo, me roo, e choro
Mas não deixo você saber disso
E aqui
Eu me enrrolo, atropelo, não nego
Mas você não há nem de desconfiar
O que eu tenho guardado pra te dar
Um vulcão do tamanho da explosão
Da explosão que meu corpo abriga
Que abriga e que vai culminar
Sei lá...
Só de te ver caminhar
Só de te ver conversar
Só de te ver sorrir
Com algum alguém, que não seja por mim
Largue
Mas não deixo você saber disso
E aqui
Eu me enrrolo, atropelo, não nego
Mas você não há nem de desconfiar
O que eu tenho guardado pra te dar
Um vulcão do tamanho da explosão
Da explosão que meu corpo abriga
Que abriga e que vai culminar
Sei lá...
Só de te ver caminhar
Só de te ver conversar
Só de te ver sorrir
Com algum alguém, que não seja por mim
Largue
Dissolver-se e(em) amor
Quando teu peso recai sobre mim
E minha pele na tua
Absorve, alta temperatura
No tempo em que o desejo
Se dissolve no amor
E minha pele na tua
Absorve, alta temperatura
No tempo em que o desejo
Se dissolve no amor
Seremos então, alí, alguém
Que nasce e morre de nós
N'alguma eternidade indefinida
E sem limitações,
Acima de qualquer estrela
Onde chegamos
Que nasce e morre de nós
N'alguma eternidade indefinida
E sem limitações,
Acima de qualquer estrela
Onde chegamos
Alguém que percorre em outros planetas
Peles, nossos poros
Quem somos e nem somos
Nós, um
Por fim,
Peles, nossos poros
Quem somos e nem somos
Nós, um
Por fim,
Quando em nossos risos
Teu corpo termina no meu
Ainda esperando pelo instante
Em que em nenhum instante houvesse fim
Nos desejaríamos
Ardorosamente
Vagarosamente
Ansiosamente
Pelo tempo em que viu-se dissolver, no amor.
terça-feira, 26 de março de 2013
50
Fui andando...
Meus passos não eram para chegar porque não havia
chegada
Nem desejos de ficar parado no meio do caminho.
Fui andando...
82
{...] E aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.
146
Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo, o coração verde
dos pássaros,
serve para poesia
...
Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita,pisa e mija em cima,
serve para poesia
Manoel de Barros
Fui andando...
Meus passos não eram para chegar porque não havia
chegada
Nem desejos de ficar parado no meio do caminho.
Fui andando...
82
{...] E aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.
146
Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma
e que você não pode vender no mercado
como, por exemplo, o coração verde
dos pássaros,
serve para poesia
...
Tudo aquilo que a nossa
civilização rejeita,pisa e mija em cima,
serve para poesia
Manoel de Barros
terça-feira, 19 de março de 2013
da caverna
Quem diz que não gosta de nada
Na verdade não sabe de nada
Pra dizer que gosta
Não sabe sabores
Não sabe de amores
Não sabe voar
E se diz não ter medo do futuro
Mas nega tudo por se sentir seguro
Não sabe que dar passos em torno de si
É não saber andar.
Na verdade não sabe de nada
Pra dizer que gosta
Não sabe sabores
Não sabe de amores
Não sabe voar
E se diz não ter medo do futuro
Mas nega tudo por se sentir seguro
Não sabe que dar passos em torno de si
É não saber andar.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
domingo, 27 de janeiro de 2013
Mora escondido embaixo de uma pedrinha de uma cachoeira de uma florestinha, lá, naquela cidadezinha? Mora em que país? Se esconde tão vilmente, não deixa que o achem, foge de quem chegar perto, esconde o que sente. Não sente frio quando não há ninguém para lhe emprestar o cobertor? Se faz de tão forte, foge dos outros como que de vidro, se faz de tão frágil escondido, não deixa de enfrentar-se sendo o que é. Outra coisa não poderia ser. E afinal o que é?
domingo, 20 de janeiro de 2013
O processo de introdução (des)ordenada de dados conhecidos ou novos na experiência; um quadro, uma notícia, uma tese, um amor. Promovendo o reconhecimento da não completude de nossos esquemas cognitivos a fim de completar-se-se pela absorção, comparação, introdução, exclusão, continuamente... O (des)equilíbrio, não é pior que o ócio. '
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
metaforizando-o-se
Tem gente que é como a meia luz de um quarto
ventilado gerada num abajur de canto de cama; outras são como o cheiro do sabão
em pó na roupa recentemente lavada; ou a sensação de se chegar ao caroço de uma
manga suculenta comida num final de tarde chuvosa; ou como a dor muscular
na barriga e bochecha depois de exageradas gargalhadas. Esse é o que há de mais
bonito no fato de passarmos por tanta gente durante nossas histórias, é que
algumas delas são, para além de si, sentimentos e sentidos quase que
indenominados, uma espécie de aconchego sem que se precise ao menos do toque.
Não sei se seria o astral, mas são as pessoas propriamente ditas, da forma que
só quem sente as vê.
E quando por algum acaso alguém vai embora, mesmo
longe, as vezes, e talvez, elas fiquem, assim, metaforizando-se através daquelas
mesmas sensações que traziam, são eternas, como bonitas, e ainda as vezes
somente resgatadas quando dada a ausência, e de repente uma textura macia de
lençol venha lembrar, ou que passe tempo até que as oitenta batidas por segundo
da asa de um beija-flor faça surgir o que alguém de partida já foi.
Seja talvez a melhor das maneiras de se estar com
alguém a maneira pela qual nem você há de perceber. Ou a mais doce de se
lembrar, inocente também, cada um foi em alguém um alguém só. E no final da
mais fantasiosa percepção, nunca haverá de ser a mesma chuva, a mesma manga, a mesma
textura de lençol.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
eu guardo em mim
dois corações
um que é do mar
um das paixões
um canto doce
um cheiro de tem...poral
eu guardo em mim
um deus, um louco, um santo
um bem e um mal
eu guardo em mim
tantas canções
de tanto mar
tantas manhãs
encanto doce
o cheiro de um vendaval
guardo em mim
o deus, o louco, o santo
o bem, o mal
Danilo Caymmi
dois corações
um que é do mar
um das paixões
um canto doce
um cheiro de tem...poral
eu guardo em mim
um deus, um louco, um santo
um bem e um mal
eu guardo em mim
tantas canções
de tanto mar
tantas manhãs
encanto doce
o cheiro de um vendaval
guardo em mim
o deus, o louco, o santo
o bem, o mal
Danilo Caymmi
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