segunda-feira, 28 de outubro de 2013

do nascimento do amor

Há controvérsias no amor
Pensas que ele sai de si
Pensas que se transformou
Pensas que se criou ele
Menino, depois homem, depois mar.

Decerto ninguém sabe
Como aventuram-se os corações.

Há controvérsias perdidas
Nalguns corações por aí
Pensam que se constrói
Pensam que juntam-se eles em um
Pensam que somente consigo
Mal saberia o amor fluir.

Mas se cabe aos homens
Se cabe ao próprio
O nascimento do amor
Na verdade só sabe
E saberia quem o sentir.

Para ser longe
Para ser perto
Ser vários de vários
Ou um só.

Na independência de sua fuga
Queima o amor
De vida tão própria
Que não saberia nem mesmo
A ele mesmo compreender-se
E foge também das mãos, dos pés
Das bocas de seus atores.

Forja caminhos seus
Forja caminhos meus
Perdendo-nos
Num ponto onde esquecem
De sua própria criação.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

andança

Ir ao fundo do mar
Pescar-me no escuro
Tive que aprender a nadar
E sobrevivi

Mergulhei
Mergulhei
Cheguei ao Ar
Voei pra te enxergar
E lá de cima
Vivi em pouso

E pousar
Me pareceu sempre melhor
Que caminhar por mim
E por mim
Ficarei eu livre
Imediata
Forte
Andante

A te chegar agora do ponto aonde enxergamos.

sábado, 19 de outubro de 2013

depois de alguns anos

Acordar todo dia por volta das 10h da manhã quase não foi vida, durante alguns anos nesse espaço temporal. E foi assim, até que me veio, junto com um monte de horas a mais, a mudança de hábito...

Comecei a acordar por volta das 8h da manhã, e por mais cansativo que o dia pudesse correr, só voltava para casa depois das 22h e antes do último ônibus que me pegava, porque nesse intervalo entre acordar e dormir começava a caber coisas infinitas que nem imaginava poder fazer. E àquelas horas de sobra para pensar somente em mim, foram reduzidas também, como os momentos de pseudomeditação que me deixavam só. Foram incluídos ainda mais filmes, ainda mais livros, mais histórias. E algumas horas de conversas, e atenção para doar.

De certo que o dia tornou-se todo correria, mais corria pra mim mais felicidade, onde se juntavam um tanto de preocupação, de compreensão, admiração, de amor. Foi quando passei a notar. Notava que o sol diferente não passaria mais um dia sem ser notado com alguém, mais ainda do que antes, notava sua luz. E saber o que é sentir saudade de verdade, o que é dormir de verdade, o que seria poder contar...

Coleção de novas figurinhas de tempo que me cabiam, me trouxeram agora ao que eu finalmente chamaria viver. E o que chamaria viver não poderia estar residindo em alguém, mas no que tornamo-nos em si. Que eu poderia até vir a perder, mas não voltaria a nenhum outro álbum que não esse, por não precisar mais marcar-me em outro lugar nenhum.

E a gente sabe tanto rir um do outro, que não quero me ver dando espaço para restar-me a chorar.