domingo, 27 de janeiro de 2013

Mora escondido embaixo de uma pedrinha de uma cachoeira de uma florestinha, lá, naquela cidadezinha? Mora em que país? Se esconde tão vilmente, não deixa que o achem, foge de quem chegar perto, esconde o que sente. Não sente frio quando não há ninguém para lhe emprestar o cobertor? Se faz de tão forte, foge dos outros como que de vidro, se faz de tão frágil escondido, não deixa de enfrentar-se sendo o que é. Outra coisa não poderia ser. E afinal o que é?

domingo, 20 de janeiro de 2013

O processo de introdução (des)ordenada de dados conhecidos ou novos na experiência; um quadro, uma notícia, uma tese, um amor. Promovendo o reconhecimento da não completude de nossos esquemas cognitivos a fim de completar-se-se pela absorção, comparação, introdução, exclusão, continuamente... O (des)equilíbrio, não é pior que o ócio. '

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

metaforizando-o-se


Tem gente que é como a meia luz de um quarto ventilado gerada num abajur de canto de cama; outras são como o cheiro do sabão em pó na roupa recentemente lavada; ou a sensação de se chegar ao caroço de uma manga suculenta comida num final de tarde chuvosa; ou como a dor muscular na barriga e bochecha depois de exageradas gargalhadas. Esse é o que há de mais bonito no fato de passarmos por tanta gente durante nossas histórias, é que algumas delas são, para além de si, sentimentos e sentidos quase que indenominados, uma espécie de aconchego sem que se precise ao menos do toque. Não sei se seria o astral, mas são as pessoas propriamente ditas, da forma que só quem sente as vê.
E quando por algum acaso alguém vai embora, mesmo longe, as vezes, e talvez, elas fiquem, assim, metaforizando-se através daquelas mesmas sensações que traziam, são eternas, como bonitas, e ainda as vezes somente resgatadas quando dada a ausência, e de repente uma textura macia de lençol venha lembrar, ou que passe tempo até que as oitenta batidas por segundo da asa de um beija-flor faça surgir o que alguém de partida já foi.
Seja talvez a melhor das maneiras de se estar com alguém a maneira pela qual nem você há de perceber. Ou a mais doce de se lembrar, inocente também, cada um foi em alguém um alguém só. E no final da mais fantasiosa percepção, nunca haverá de ser a mesma chuva, a mesma manga, a mesma textura de lençol.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

eu guardo em mim
dois corações
um que é do mar
um das paixões
um canto doce
um cheiro de tem...poral
eu guardo em mim
um deus, um louco, um santo
um bem e um mal
eu guardo em mim
tantas canções
de tanto mar
tantas manhãs
encanto doce
o cheiro de um vendaval
guardo em mim
o deus, o louco, o santo
o bem, o mal

Danilo Caymmi